Teatro Por Que Não?: Crítica: Say Hello Para o Futuro

quinta-feira, maio 31, 2018

Crítica: Say Hello Para o Futuro

Olá pessoal! 

Como vocês podem ver nesta postagem aqui, o nosso amado Say Hello para o Futuro voltou depois de um ano de hiato com novas cenas, novas ideias e até um novo ator! 

Essa reestreia rendeu uma crítica super bacana da acadêmica do Curso de Artes Cênicas, da Universidade Federal de Santa Maria, Thayná Máximo de Almeida. Vamos dar uma conferida?



Crítica: Say Hello para o Futuro, por Thayná Máximo de Almeida

Ambientado no cotidiano de uma vida futurística e tecnológica, o espetáculo "Say Hello para o futuro" evidencia aspectos e comportamentos não tão distantes da nossa realidade atual, através de um enredo não linear, composto por cenas desconexas. O estilo humorístico traz suavidade aos eventos, que retratam situações absurdas e impactantes.

Logo na primeira cena fica evidente a crítica que o espetáculo faz sobre o uso abusivo e antiético da tecnologia e redes sociais. Duas personagens num velório decidiram fazer uma homenagem tirando uma foto com o falecido e publicando em suas redes sociais. Apesar de parecer inacreditável, o evento já ocorreu em velórios de celebridades. 

Outra cena exibe a rotina de um homem com seu robô, que controla seu sono, horários, agenda e até mesmo calorias ingeridas. Apesar da rotina exaustiva, a grande preocupação do personagem é sobre a falta de notificações de amigos e familiares em suas redes sociais. O fato deixa o questionamento de quantas vezes nos importamos com curtidas, comentários, solicitações, mensagens e nos esquecemos de nós mesmos e da vida real. Ainda atrelada nesse tema, uma cena explicita a preocupação com a beleza nas redes sociais e as atitudes tomadas em busca de curtidas e comentários. A beleza e felicidade falsas que acompanham cada foto publicada, a cópia ou inspiração em poses e temas que estão em alta já faz parte da nossa realidade.

Em determinada cena dois personagens preocupam-se apenas em fazer uma boa fama de que ajudam e colaboram em projetos beneficentes ao invés de realmente fazer algo. Como se isso não bastasse, quando um assaltante chega eles devem decidir entre a vida de uma mulher ou os celulares e escolhem o último. A crítica ainda segue sendo feita quando os personagens querem ajudar o assaltante a ter fama nas redes sociais, a conquistar seguidores, etc.

Aproveitando a deixa explícita sobre redes sociais, os atores fazem contato direto com a plateia ao questionarem sobre "textões" publicados e posicionamentos que retratam apenas a verdade absoluta. A ironia do discurso gera reflexão e, em certos, casos constrangimentos, o que sugere que alguns realmente não buscam informações antes de se posicionarem, independente do tema.

O espetáculo também mostra os bastidores e apresentação de uma "Missa online", com propagandas e produtos à venda referentes ao tema. A relação estabelecida entre os personagens e o que eles pregam é propositalmente incoerente. A cena ainda traz a temática da homossexualidade como pecado, necessitando de cura através da religião.

Por fim, o espetáculo apresenta uma cena de protesto, com causas absurdas e comentários machistas, elitistas e preconceituosos, questionando (ao fundo num telão) quem seriam os responsáveis, com imagens e legendas: "Você? Você!". E logo depois uma gravação da plateia entrando no teatro pouco antes do espetáculo começar, mostrando muitas pessoas nos celulares, recurso que deixa claro que realmente tudo que foi apresentado não é um futuro tão distante assim.

A atuação do elenco, considerando as relações estabelecidas entre eles, cenário e público, foi muito boa. A variação entre as personagens, já que não representavam apenas um durante o espetáculo, também foi excelente, apresentando corporeidade, sotaques e tons de voz diferentes. O figurino colaborava muito para isso, expondo peças simples, porém sem deixar de seguir a estética futurística proposta.

O cenário todo era composto pelo telão ao fundo, que mostrava imagens e frases em determinadas cenas, duas telas móveis que serviam de paredes, dois cubos grandes que serviam de bancos e guardavam objetos, e uma mesa triangular. Os mesmos cenários e objetos tinham significações e funções diferentes no decorrer das cenas. Ainda sobre os elementos cenográficos, é importante ressaltar a trilha sonora, que estava atrelada não somente as ações, mas também a iluminação, gerando efeitos maravilhosos.

O espetáculo superou as expectativas que foram criadas por conta dos comentários do público que assistiu a primeira versão dele. As críticas e o modo como foram feitas foi sensacional. Aguardo ansiosamente que os envolvidos considerem a possibilidade de produção de uma terceira versão do espetáculo, tendo em vista a grande aceitação do público.

E aí? Curtiu? Comenta aqui embaixo pra tia! 

Não assistiu a reestreia? Não se preocupe, teremos não uma, mas DUAS apresentações nesta semana. 

SAY HELLO PARA O FUTURO
01 e 02 de junho de 2018 - 20h30 
Espaço Cultural Victorio Faccin 
Rua Duque de Caxias, 380 - Rosário
Ingressos: R$ 20,00 (inteira), R$ 15,00 (antecipado) e R$ 10,00 (meia) e temos online aqui!

Contamos com a sua presença!

Até a próxima!


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