Teatro Por Que Não?: Curiosidades: O que não é animado, mas faz parte da cena!

terça-feira, junho 05, 2018

Curiosidades: O que não é animado, mas faz parte da cena!

Olá pessoal! 

Como vocês podem ver neste post, temos uma sessão no nosso blog onde falamos dos bastidores do nosso catálogo. Muita gente tem curiosidade em saber como um espetáculo é feito e você poderá navegar por aqui para ver como a gente fez com os nossos. 

No post de hoje falaremos de um item que não indespensável, mas é muito importante na criação do espetáculo. 

O que é o que é: Não é animado na maior parte do tempo, mas faz parte da cena?

Estamos falando do Cenário Teatral: aquele item que tem o objetivo de ambientar o espectador no enredo do espetáculo. Além de nos mostrar onde que a peça está sendo narrada, o cenário descreve a época em que a história se passa, cria a ilusão da construção de um novo espaço, modificando o palco cênico, oferece material e inspiração para os atores e consequentemente auxilia na construção de cenas. Enfim... pensem que para quem trabalha com teatro, a concepção de uma ideia de cenografia não é simplesmente montar um local, tem-se que pensar em toda simbologia, estrutura e viabilidade,  cada item que é acresentado tem importância, foi bem pensado para estar ali, tudo isso para  que o espetáculo seja feito de forma fluída e sem tropeços. 

Embananei a sua cabeça, não é? Mas vou falando dos nossos cenários e espero que eu consiga te desbananar... (amei essa palavra!)

Travessias
Cenografia: Cristiano Bittencourt


O espetáculo começa com apenas um carrinho de supermercado velho, cheio de quinquilharias, garrafas vazias, pneus, que indicam que os personagens não tem uma moradia fixa... Se der na telha de ir embora, é só botar tudo no carrinho e seguir caminho para o próximo lugar. Conforme o espetáculo se desenrola, a nova casa deles é construída, um colchão com uma colcha num canto vira o quarto, os pneus amontoados do outro lado da cena vira a poltrona da sala. Os personagens são crianças e toda a construção do cenário vai se fazendo através de brincadeiras. 

Além disso, a mudança dos objetos transforma o cenário, ora era a casa deles, ora era o tribunal de julgamento, ora era a rua: essa é mais uma das magias que o cenário poder promover, mudanças de ambientes em um mesmo palco, ressignificando os objetos que estão em cena. 

Todo cenário de Travessias foi resultado de muita sucata. Cristiano elaborou o cenário pensando justamente no universo de meninos e meninas que vivem nas ruas e que vão recolhendo o que veem nos lixões para formar seus próprios patrimônios. A única coisa que não é vinda dos lixões e que os meninos despendem o pouco dinheiro que ganham é para a compra das balinhas milagrosas.

Say Hello para o Futuro
Cenografia: Cristiano Bittencourt


Com a mesma ideia do Travessias, de mudanças de ambientes, o cenário do Say Hello é composto por módulos com as seguintes formas:  dois cubos, um prisma triangular e, na primeira versão, tinha um cilindro. Além deles, tem 2 biombos e o chão coberto por linóleo. Todos com rodinhas, exceto o linóleo. 
Má que caramba é linóleo?
É um tecido impermeável, resistente, que tem um aspecto plastificado. Pode ser emborrachado, fosco, ou vinílico, com brilho. Sabe aqueles pisos para apresentação de dança? Então, é aquilo.
A palavra de ordem do cenário do espetáculo Say Hello para o Futuro é  praticidade. Os módulos são ocos, onde os objetos cênicos são guardados e retirados para cada determinada cena. Como se trata de um espetáculo composto por cenas curtas, que necessariamente não tem ligação entre elas, a mudança de ambientes é feita de forma mais dinâmica, como se pulássemos de abas do nosso navegador da internet. 

Segundo Cristiano, a ideia do cenário vem da construção das placas de computadores, onde os componentes possuem essas formas geométricas básicas, como se fôssemos transportados para dentro de um computador. Como o chão dos palcos de teatro é feito com madeira, material que não tem nenhuma relação com a tecnologia plástica dos dias de hoje, optou-se por cobrir com linóleo para manter esse ambiente hi-tech. Não é um espetáculo realista, Say Hello permite construir um espaço que fica entre o que é real e o que é digital: além de todo cenário descrito, temos as projeções que enriquecem esse cenário. 

Amanhã Foi Outro Dia
Cenografia: Teatro Por Que Não? e Teatro Universitário Indenpente


Aqui chegamos no ponto oposto do Say Hello. Amanhã Foi Outro Dia é um espetáculo montado em um ambiente realista - ou seja, mais próximo da realidade possível. 
Realismo é um movimento artístico, onde tem o principal objetivo de retratar a realidade da vida, seja em pinturas, esculturas e até em peças teatrais. No teatro, o realismo veio com força com os trabalhos de Constantin Stanislavski (1863-1938). Segundo ele, o espetáculo era uma representação de uma fatia da vida. O seu empenho em transformar um espetáculo mais perto do real, incluindo na representação de atores, rendeu um método de atuação que é seguido até hoje nas escolas e faculdades de teatro. 
Voltando a programação, o cenário do Amanhã Foi Outro Dia é composto por uma estante, tábua de passar, mesa, cadeira, cômoda e tapete. A intenção aqui é nos transportar para uma casa de uma família de baixa renda. Apesar do espetáculo ser baseado em um texto dos anos 60, ele foi transportado para os anos 90, principalmente em uma época bem difícil aqui no Brasil. Estávamos sofrendo um retrocesso econômico muito grande, inflações altíssimas - herdeiras do período da ditadura, processo de impeachment do então presidente Fernando Collor, cortes de empregos e custos, confisco de poupanças, o que acarretou em falência de empresas e famílias. 

Agora imagina o trabalhão que foi para se pensar em um cenário que pudesse juntar todas essas informações??

A palavra de ordem da cenografia do Amanhã Foi Outro Dia é reaproveitamento.  O cenário é a junção de cenários de outras peças que já foram realizadas tanto pelo TUI, quanto pelo Por Que Não? A ideia é dar uma cara de que não são móveis novos, que foram adquiridos de segunda mão, visto que naquela época, para comprar algo novo, tinha que dar um rim praticamente. Então o cenário não possui um acabemento bem atraente, aproveitando a cor natural da madeira e os descascados de pinturas anteriores. Por mais que sejam pobres, Joana é costureira e preza pelo cuidado do lar, então há de encontrar toalhinhas, almofadinhas e bordados que deem um tapa no visú da casa. 

Além de retratar essa época, o cenário deste espetáculo tem uma função-chave, diferente das mudanças de ambientes dos espetáculos Say Hello e Travessias. O cenário foi criado para trazer a sensação de mudança de tempo. Como foi isso?? Ah, meu caro, não sou spoiler, terá que assistir.

Amores aos Montes
Cenografia: Cezar Gomes (Entalier) e Polin

Foto: Cezar Gomes

Quando começamos o processo do  espetáculo Amores aos Montes, tínhamos em mente que, por ser na rua, o espetáculo deveria chamar atenção e ser visível, mas ao mesmo tempo teria que ser prático, pois enfrentaríamos diversos tipos de solos (cimentados, gramados, terra batida, britas...).

Além disso, teríamos que fazer um cenário em que pudéssemos carregar todos os objetos necessários, não ser pesado, para não depender de um carro para ser puxado e que possa sustentar uma pessoa em cima.

Chamamos o Cézar para pensar na logística e aí surgiu o nosso amado Carrinho! Ele é composto por barras de ferro, rodas de plástico resistentes, pratileiras móveis de madeira, com espaços para pendurar e guardar instrumentos e painéis retráteis para indicar cada fatia do espetáculo.

Ele é multi-uso: é o nosso camarim, palco e o cenário. Camarim pois carregamos todos os nossos figurinos, instrumentos, água e objetos cênicos que utilizamos durante todo o espetáculo; Palco, pois utilizamos o teto do nosso carrinho para encenar (para quem assistiu, estou falando das cenas Terapia de Casal e Trogloditus Masculinus) e também é com ele que delimitamos o espaço de cena; Cenário pois interagimos com ele, virando a Love Machine na última cena do espetáculo, por exemplo.

Para deixá-lo mais chamativo, chamamos o Polin para dar uma cara mais urbana nos nossos painéis, que serviam para mostrar sobre qual "não amor" estávamos encenando. Em cada painel falamos o que o amor não é: 1- O amor não é a cereja do bolo, 2- O amor não é frase pronta, 3- O amor não é seu ponto fraco e 4- O amor não é moeda de troca. Optamos pelo grafite pois é a linguagem das ruas, é a identificação do lugar onde estamos.

O Carrinho é desmontável, justamente para que possa ser transportado para apresentações fora de Santa Maria. Com ele já fomos para Santa Cruz do Sul, Rosário do Sul, Novo Hamburgo, Porto Alegre, Nova Esperança do Sul, Vila Nova do Sul, Faxinal do Soturno, Dona Francisca, São Pedro do Sul, Nova Palma... ufa, má rodou esse Carrinho, né não? E iremos para mais uma cidade gaúcha, anota aí e venha conhecer nosso Carrinho:

AMORES AOS MONTES na Viagem Literária
06 de junho de 2018 - 19h
Comunidade Evangélica de Vera Cruz
Vera Cruz - RS
Ingresso: R$ 15,00 (geral) ou 
1kg de alimento não perecível 
(para pais e alunos)

Não vai estar em Vera Cruz? Não tem problema! Estaremos em Santa Maria logo depois:

AMORES AOS MONTES
10 de junho de 2018 - 16h
Concha Acústica - Pq. Itaimbé
Santa Maria - RS
GRATUITA 
(má se quiser trazer um mimo para a gravidinha aqui, 
aceito de braços abertos... rsrsrs)

E aí? O que achou desta postagem? Informação à beça, não é mesmo?! Comenta aqui embaixo e deixe uma tia feliz!

Contamos com a presença de vocês!

Até a próxima!

Só na espera dos meus presentinhos... Pode ser comida tb, tá?

2 comentários:

  1. Muito legal!! Este assunto me interessa e adoraria uma oficina sobre produção de cenário. O carrinho de "Amores" é uma traquinanda muito engenhosa. Parabéns!

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    Respostas
    1. Olá!

      Muito obrigada pelo feedback e pode deixar que por aqui vamos comentando mais sobre o que acontece nos nossos bastidores!

      Quanto a oficina, pode deixar que já tá anotado, fique ligado nas nossas redes, que volta e meia podemos ter uma oficina que tu curta!

      Quanto ao Carrinho, muito obrigado pelo elogio, levaremos ao criador dele (Cezinha!)!

      Obrigada pelo carinho,

      Um grande abraço!!!!

      Equipe Por Que Não?

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